segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

QUAL MODELO DE EDUCAÇÃO DEVE SER

APLICADO NA ESCOLA PÚBLICA?
Por Rildo Ferreira


A Escola Pública sempre foi alvo de muitas críticas. E não bastando os críticos de prontidão, exatamente estes que reproduzem os discursos de que a “educação privada é que é a boa e que a pública não presta”, os professores têm contribuído demasiadamente para que este conceito seja também um conceito da sociedade em geral.

Ora, para o entendimento claro do que estou dizendo vou resgatar e narrar fatos acontecidos em sala de aula. Eu, estagiário, participava de uma aula de Literatura para formandos do segundo grau. O assunto era substantivo. Depois de muita discussão a respeito do assunto, um dos alunos questionou ao professor quanto o emprego no dia-a-dia de um substantivo enquanto substantivo. Ora, o exemplo dele foi até engraçado. Disse ele, indagando: quando me perguntarem sobre o que é um elevador, quem me pergunta quer saber se eu sei o que é um elevador ou se eu sei que elevador é um substantivo? Ele concluiu que o que se estava estudando não fazia sentido para ele. Isso também fez sentido para mim.

Numa outra aula de matemática o professor tentava fazer os alunos entender o que era uma PA (Progressão Aritmética). Depois de algum tempo explicando o professor perguntou se a turma entendeu o assunto. Um aluno disse o seguinte (não exatamente assim, mas o sentido era este): professor, disso aí eu não entendi nada, mas se eu comprar pão com R$ 10 na padaria, sei exatamente quanto o caixa tem que me devolver de troco. E isso também fez sentido para mim.

Eu assim não estou dizendo que estes assuntos não são importantes. Mas o fato é que isso não está agradando ao educando. Ele não está aprendendo nada. Se for necessário decora e pronto. E isso não faz sentido para mim. Daí a discussão me leva a questionar sobre qual modelo de educação se deve praticar na escola pública. E não me venham com essa de que isso é uma decisão de governo porque não é. Trata-se de uma decisão que deve partir do educador e que começa no planejamento do ano letivo. Trata-se de uma decisão de atualização do próprio educador que deve procurar aperfeiçoar-se na práxis educativa. Trata-se de ver o próprio educador da necessidade de mudar a forma de relacionamento com o educando, buscando uma linguagem que faça sentido para ele.

Quando na sua vida você utilizou-se do conhecimento gramatical de forma consciente a tal ponto de perceber o que era sujeito, objeto direto ou complemento adverbial dizendo: Caramba! Acabei de dizer 'isto' e 'isto' é um objeto direto.? Senhoras e senhores, estamos tão presos à estes conceitos que esquecemos de fazer leituras com nossos meninos e meninas. Sabe aquelas estórias que eram lidas em sala de aula por capítulo e por aluno? São delas que eu me refiro. Elas já não fazem parte do planejamento escolar e não são praticadas em aula ou fora da sala de aula. Daí que o resultado da prova Brasil foi o que foi. Em 98% das cidades brasileiras a média ficou abaixo de 5 (a prova Brasil avalia até que ponto o aluno entende o que lê).

Bem, o debate está posto. Eis a questão: qual o modelo de educação deve ser aplicado na escola pública? Existe um modelo padrão? O que você tem a dizer sobre isto? Para comentar, clique aqui. Para ler comentários já postados, clique Aqui.

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