terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Infâncias de ontem e de hoje:
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diferenças determinantes
por Rildo Ferreira





Quando cheguei ao Rio de Janeiro em 1970, não possuía ainda faculdade para interpretar a brutal mudança que ocorria em minha vida. Minha pequeninice no nordeste mineiro foi traumática. Não me sinto feliz em recordar este período de minha vida. Mas no Rio, mais precisamente na baixada fluminense, o que me recordo com muita precisão era o calor que nos fazia suar em “bicas”.

Minha mãe puxava 6 filhos, 5 homens e uma mulher. A bagagem era o que menos importava. Aconteceu um episódio na estação de Japeri do qual me recordo com certo humor: lembro-me que ao descer do trem que fazia Minas-Rio teríamos que embarcar noutro que nos levaria ao bairro de Austin, em Nova Iguaçu. Ao fazer esta baldeação parte embarcou no trem e parte ficou na estação. Foi uma gritaria de assustar a todos. Sorte que o maquinista condutor da composição ouviu o burburinho e parou o trem para que os que ficaram na estação pudessem embarcar.

Da minha infância já na região metropolitana do Rio de Janeiro tenho boas recordações. Posso relatar algumas brincadeiras que os meninos da minha idade participavam. Nada tecnológico. Nossos carrinhos eram feitos com um pedaço pequeno de madeira, uma latinha de sardinha aberta na parte superior e rodinhas feitas com cabo de vassoura. Quem fazia? Nós mesmos. Um terreno baldio ao lado da minha casa nos servia de campinho. Muito pequeno, já que as condições não eram boas. Ao redor do campo a vegetação aguçava nossa imaginação. Tanto que aos fundos do campinho fizemos uma barraca que só cobria a visão, já que a cobertura era feita com o próprio capim e permitia a passagem de água da chuva. Mas aquela minúscula cabana foi fundamental para as nossas criativas histórias que eram narradas ao iniciar as noites de lua cheia.

A lua fazia nossa rua parecer um chão prateado. Visto de cima, era um viés branco que cortava uma escuridão. Não tinha luz elétrica, mas a brancura da areia que cobria a rua era suficiente para manter uma certa claridade permitindo o vai-e-vem das pessoas sem correr o risco de um sinistro. Foi ali que assustamos muita gente. Peraltas e inconseqüentes, amarrávamos uma linha numa “tira” de pano e puxávamos, fazendo parecer uma cobra atravessando a rua. Algumas vezes nos denunciávamos às gargalhadas face ao inusitado do acontecimento. A cabana de capim foi palco de rodas de “contos fantasmas”. Nas noites muito escuras, fazíamos lanternas com lata de leite em pó e pequenos pedaços de velas. Como era isso? Do lado da tampa da lata ficava aberto. No fundo da lata, furávamos completamente com prego. Com arame fazíamos a alça. Dentro da lata, um pequeno pedaço de vela aceso projetava um clarão fantástico, era o que nos iluminava no interior da cabana de capim.

Com esta mesma lanterna saíamos a capturar rãs nos alagados em dias de chuva no verão tipicamente carioca. Muitos dos bonecos que se tornavam nossos super-heróis eram criados por nós mesmos. Uma bolinha de gude (vidro), um pedaço de pano e pequenos gravetos se tornavam cabeça, vestes e membros. Dessa nossa imaginação, muitas brincadeiras esgotavam nossas energias mas nos tornavam felizes crianças.



Não quero narrar a parte que me faz querer esquecer minha infância a partir de 1970. Parte que não faz parte das crianças de hoje. Aliás, nada do que vivi na minha infância faz parte da infância das crianças hoje. O que determina essa brutal diferença é exatamente isto: se uma criança quer um super-herói basta ir ao bazar de utilidades e comprar um. Quer um carrinho? Vai lá e compra um que já vem com outros dois complementares. Quer ouvir uma história? Liga a TV e... Ops!...

Tem uma dupla de meninos que apresentam uma programação supostamente infantil na TV, promovendo brincadeiras entre aqueles que ligam para a emissora, oferecendo prêmios aos participantes que oscilam de alguns bonecos à celulares e PlayStation. Eu já paguei uma conta de telefone em que mais de 120 reais foi minha pequena Eduarda de 5 anos tentando falar com aqueles dois instrumentos da exploração da inocência infantil. Como não foi possível impedir que ela assistisse ao programa, bloqueei o telefone para evitar sustos como este.

Além deles, uma série de desenhos animados saltitam nas telinhas. Uns bonequinhos supostamente orientais gritando, pulado, sacando espadas e matando os inimigos. Daí uma psicóloga diz que o garoto quando desenha uma espada enorme está tentando competir com o pai a preferência da mãe, o que segundo Sigmund Freud caracteriza o complexo de Édipo. Coisa nenhuma. Ele desenha uma espada enorme porque é o que ele vê na TV o tempo todo. Logo, se o que é grande é superior, ele tenta desenhar uma bem grande para não ser inferior ao seu imaginário inimigo.

Bem, para finalizar, há que se comparar as características de cada período e ver que em ambos os pais estão ausentes. Entretanto, no primeiro período não tínhamos a influência da TV de modo negativo. As crianças tinham mais espaços para brincar e a escassez de brinquedos fazia cada menino ou menina um criador de seus entretenimentos. Já no segundo período tanto a TV quanto as facilidades de encontrar seus brinquedos diminuíram o campo imaginário das nossas crianças. Esse campo imaginário foi fundamental para que nós, as crianças do primeiro período, inventássemos nossas próprias histórias de amor, de terror, de aventuras... Hoje... Bem, já tentou tirar uma criança do vídeo game para lhe contar uma história?

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008


UM PEDIDO DE SOCORRO
por Rildo Ferreira
O rio é o Guandu. Um dos mais importantes do Estado do Rio de Janeiro. Sua missão é saciar a sede de mais de 5 milhões de cariocas residentes na região Metropolitana. Ele está doente. A poluição é a causa. Clique Aqui e manifeste o seu apoio ao rio Guandu.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

QUAL MODELO DE EDUCAÇÃO DEVE SER

APLICADO NA ESCOLA PÚBLICA?
Por Rildo Ferreira


A Escola Pública sempre foi alvo de muitas críticas. E não bastando os críticos de prontidão, exatamente estes que reproduzem os discursos de que a “educação privada é que é a boa e que a pública não presta”, os professores têm contribuído demasiadamente para que este conceito seja também um conceito da sociedade em geral.

Ora, para o entendimento claro do que estou dizendo vou resgatar e narrar fatos acontecidos em sala de aula. Eu, estagiário, participava de uma aula de Literatura para formandos do segundo grau. O assunto era substantivo. Depois de muita discussão a respeito do assunto, um dos alunos questionou ao professor quanto o emprego no dia-a-dia de um substantivo enquanto substantivo. Ora, o exemplo dele foi até engraçado. Disse ele, indagando: quando me perguntarem sobre o que é um elevador, quem me pergunta quer saber se eu sei o que é um elevador ou se eu sei que elevador é um substantivo? Ele concluiu que o que se estava estudando não fazia sentido para ele. Isso também fez sentido para mim.

Numa outra aula de matemática o professor tentava fazer os alunos entender o que era uma PA (Progressão Aritmética). Depois de algum tempo explicando o professor perguntou se a turma entendeu o assunto. Um aluno disse o seguinte (não exatamente assim, mas o sentido era este): professor, disso aí eu não entendi nada, mas se eu comprar pão com R$ 10 na padaria, sei exatamente quanto o caixa tem que me devolver de troco. E isso também fez sentido para mim.

Eu assim não estou dizendo que estes assuntos não são importantes. Mas o fato é que isso não está agradando ao educando. Ele não está aprendendo nada. Se for necessário decora e pronto. E isso não faz sentido para mim. Daí a discussão me leva a questionar sobre qual modelo de educação se deve praticar na escola pública. E não me venham com essa de que isso é uma decisão de governo porque não é. Trata-se de uma decisão que deve partir do educador e que começa no planejamento do ano letivo. Trata-se de uma decisão de atualização do próprio educador que deve procurar aperfeiçoar-se na práxis educativa. Trata-se de ver o próprio educador da necessidade de mudar a forma de relacionamento com o educando, buscando uma linguagem que faça sentido para ele.

Quando na sua vida você utilizou-se do conhecimento gramatical de forma consciente a tal ponto de perceber o que era sujeito, objeto direto ou complemento adverbial dizendo: Caramba! Acabei de dizer 'isto' e 'isto' é um objeto direto.? Senhoras e senhores, estamos tão presos à estes conceitos que esquecemos de fazer leituras com nossos meninos e meninas. Sabe aquelas estórias que eram lidas em sala de aula por capítulo e por aluno? São delas que eu me refiro. Elas já não fazem parte do planejamento escolar e não são praticadas em aula ou fora da sala de aula. Daí que o resultado da prova Brasil foi o que foi. Em 98% das cidades brasileiras a média ficou abaixo de 5 (a prova Brasil avalia até que ponto o aluno entende o que lê).

Bem, o debate está posto. Eis a questão: qual o modelo de educação deve ser aplicado na escola pública? Existe um modelo padrão? O que você tem a dizer sobre isto? Para comentar, clique aqui. Para ler comentários já postados, clique Aqui.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Viva! Estão descobrindo o Brasil.
POR RILDO FERREIRA

Senhoras e senhores. No Globo on-line de hoje, 16, publicaram uma matéria traduzindo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de 2007 que mostram que “51,5%, dos 127,4 milhões de eleitores brasileiros aptos a votar até o final de 2007 não conseguiram completar o ensino básico ou apenas lê e escreve”. Ora bolas! Isto não é nenhuma novidade. Aliás, foi mantendo o povo analfabeto e desqualificado ao voto que uma oligarquia manteve-se hegemônica e no poder até bem pouco tempo, digamos, até FHC. Este propósito teve, inclusive, conseqüências dramáticas, como foi o caso das ‘cecas’ (ou ‘sercas’ ?) que construíam barragens dentro das fazendas dos culturalmente educados, letrados, e deixavam os analfabetos dependentes de favores deles.

A matéria me pareceu ideológica. Daquelas que já apontam algumas posições políticas para as próximas eleições. Vejam que a ênfase está no nordeste, onde LULA obteve uma maioria esmagadora dos votos. Eles dramatizam: “ O Nordeste, sozinho, tem 4,2 milhões de eleitores analfabetos, número maior que a soma de 3,6 milhões de todas as demais regiões do país”. Com efeito. Esse número já foi muito maior. Hoje os oposicionistas tentam de toda maneira impedir o governo de levar adiante projetos populares que permitam ao povo ainda desescolarizado uma educação mínima. Há quanto tempo ouviu-se falar que uma professora pública do sertão nordestino ganhava menos que um salário mínimo para exercer a profissão? E quem estava no poder que permitia isto e fechava os olhos e ouvidos para não provocar uma mudança neste quadro?

O Programa de Desenvolvimento da Educação do atual governo tenta fazer acontecer um piso nacional de salários para os educadores exercerem com um mínimo de decência a sua profissão. É o ideal? Claro que não! Não é o ideal mas é o que está sendo possível neste momento. Muito mais, aliás, que qualquer outro governo já tenha feito pelo Norte/Nordeste do país. E tem aquela questão do bolsa-família que os oposicionista consideram eleitoreiro (engraçado que quando era o bolsa FHC era um programa social, em parte manipulado pela Sra. FHC), logo o atual governo que não permitiu que este programa fosse papel-de-voto dos deputados, vereadores, prefeitos e senadores, fazendo com que o benefício fosse pago diretamente nos caixas da Caixa Econômica Federal e nas Loterias de todo o país. Deixou de ter aquele contato que parecia que quem oferecia o benefício era o ‘vereadorzinho’ ou o ‘deputadozinho’. Agora é na boca do caixa mano. Quem garante o benefício é o governo federal independente de quem esteja lá no poder.

Muito bem. O bolsa-família exige que para receber o benefício os pais precisam manter os filhos na escola com freqüência mínima de 75% e é preciso manter a caderneta de vacinação em dia. Tira-se o benefício e as crianças voltam para a lavoura. Muitas famílias do Norte e Nordeste brasileiros melhoraram de vida a partir desse benefício (que em tempos não muito distantes ficavam nas mãos dos parentes dos vereadores, prefeitos, deputados e senadores sem chegar a quem realmente precisava). Há distorções a serem corrigidas? Claro que há! Mas não se pode negar que o grau de desonestidade está a níveis muito baixos. Pois bem, para concluir, quero lembrar que os dados são atuais, mas não são novos. Que tal se comparássemos com dados de 8 anos antes para verificar qual o grau de ideologia desta matéria proposta pelo O Globo?
O Sonho de uma nação
por Rildo Ferreira


O papel que o Estado desempenha para promoção do bem-estar social, com desenvolvimento sustentável e equilíbrio ecológico, deve estar alicerçado na educação. Qual povo não deseja tornar-se efetivamente grande enquanto nação onde desigualdade não seja motivo de vergonha e a justiça seja implacável contra os que manipulam as regras sociais para sobrepujar-se aos menos favorecidos? Qual povo não deseja caminhar com as pernas próprias garantindo que todos os seus filhos e filhas tenham oportunidades iguais? Qual foi a nação que conseguiu promover tais princípios sem educação, sem democracia e sem respeito à dignidade humana?

Ora, o que a democracia e a dignidade humana têm que ver com educação? Para o educador brasileiro Paulo Freire (1921-1997), que teve forte influência educacional nos anos de 1970 em vários países africanos, não se faz educação sem democracia e respeitar a dignidadade humana significa respeitar as visões de mundo que as pessoas possuem, respeitar a autonomia do ser do educando, e isso exige, segundo ele, “bom senso”. Para Freire (1996), o processo educativo perpassa as questões da sala de aula levando-nos a acreditar que só é possível educar plenamente quando o ambiente é favorável, esteticamente agradável, e onde as pessoas não se sintam privadas do direito de se manifestar.

Durante muitos anos o Brasil ensinou história segundo a visão lusitana, onde os heróis eram lusitanos. Redescobriu uma forma crítica de estudar a história brasileira e passou a ver os ‘heróis lusitanos’ como bárbaros violentos e opressores, redescobrindo novos heróis, como o negro Zumbi dos Palmares, nascido no Estado de Alagoas em 1655 e morto degolado por traição em 1695, ícone da resistência e luta pela libertação dos escravos no final do século XVII. Esse redescobrimento histórico nos fez envergonhados de fazer escravos homens e mulheres que, assim como nós tinham todos os direitos de viverem em liberdade, de gozarem de justiça e da solidariedade humanas. Como isso foi possível? Ora, nos tempos duros, onde a democracia era dissinulada, oprimida de fato, não nos permitiam ver esta outra verdade e perpetuávamos a ‘verdade segundo a tradição lusitana européia’, onde negros deveriam ser escravos, os pobres deveriam viver marginalizados e não-alfabetizados e onde só os ricos gozavam de cidadania plena. Com a democracia os historiadores puderam reescrever a história e, aos poucos, descobrimos que somos nossa própria esperança, que poderíamos construir a nossa própria cultura, um jeito brasileiro de ser mais humano, mais solidário.

E a educação tem um papel relevante na formação de uma nação que se propõe ao desenvolvimento e a universalização. Vejam, falo de universalização e não de globalização. Globalização ao meu modo de ver é tornar tudo igual segundo a cultura global hegemônica. E que cultura é esta, cara pálida? A que os europeus e norte-americanos tentam nos impor? Se eles que já estão secularmente adaptados à essa cultura vivem dilemas contundentes, qual lugar eles reservam para nós no processo de globalização? Eis que eu falei universalização. Isso no meu modo de ver é permitir uma interação com outros países do mundo, inclusive os norte-americanos e europeus, assim como os asiáticos, africanos e sul-americanos, sem, contudo, abrir mão de nossa cultura e de nossa independência. Não podem apagar nossa visão de mundo, nossa história e nossa cultura. Universalizar é interagir universalmente respeitando as diferenças existentes, sem, contudo, querer impor uma cultura sobre outra.

A educação permite acesso à modernização universal. Um povo que não é educado não consegue universalizar-se e estará sujeito à marginalização. Waldez Luiz Ludwing, em palestra realizada no Rio de Janeiro em 1999, aborda a questão do fim de algumas profissões e o surgimento de outras. Das que desaparecem deixam muitos desempregados e, segundo ele, continuarão sem emprego se não buscarem qualificação para os novos empregos disponíveis no mercado. As novas profissões, e algumas antigas que se modernizaram, exigem que os novos profissionais sejam educados e exigem que essa educação seja continuada. Pessoas incapazes e pouco produtivas são aquelas que se mantém fazendo uma só coisa e o tempo todo. Quando não há o que fazer sobre aquilo em que ele é especialista, logo fica ocioso, sem produzir. Esse tipo de profissional o mercado moderno está dispensando. E é sobre isso que Ludwing busca alertar. O trabalhador que quer ter trabalho precisa envolver-se com o aprendizado das novas tecnologias, conhece-las e domina-las quando for o caso. Não há mais espaço para o adestrado. Para o novo mercado, Ludwing diz que o indivíduo precisa ser educado. Nessa mesma linha de raciocínio precisamos alertar que uma nação que se propõe ao desenvolvimento sustentável precisa estar comungando com esse pensamento e garantindo ao povo uma educação substantiva, pujante, oportunizando a todos e a todas acesso a toda forma de conhecimento, de saber.

Hélio Lima, no jornal.st, diz claramente que o indivíduo deve buscar algumas respostas antes de investir na sua carreira. Faço coro acrescentando o questionamento: o que as pessoas elogiam em você? No que é que você sabe fazer melhor que os outros? Respondendo a estas perguntas, os moços e moças devem buscar investir em si mesmos. Eis que surge o principal questionamento então: Como investir na minha carreira dentro do meu país? Quais oportunidades eu as tenho aqui? E se não as tenho, onde encontra-las? Ora, senhoras e senhores, cabe ao governo fazer o apontamento destas respostas pretendidas. Ludwing em sua palestra disse que se muitas pessoas estão a fazer uma determinada coisa, cabe ao revolucionário buscar fazer algo novo, diferente, algo que vai produzir um impacto positivo na vida das pessoas. Saber o que quer os jovens sabem. Eles desejam sucesso pessoal e profissional. Quais são as chances de sucesso do futuro de uma nação onde a educação passa ao largo? Educação é fundamental para a formação do cidadão e da cidadã. E faz-se necessário que seja uma educação plena, democrática, universal, integral e para todos e todas. Sem este princípio, em que deve pautar-se o sonho de uma nação?

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro. DP&A, 1996.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

PETISTAS CONFORMADOS? EIS A MELHOR RESPOSTA

Brasil tem o maior ciclo de crescimento

dos últimos 30 anos

(íntegra da reportagem publicada em 22/10/2007, no jornal Valor Econõmico)

O Brasil cresce há 22 trimestres consecutivos. Mesmo não sendo muito extenso, é o ciclo mais longo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) pelo menos desde o início dos anos 80. Ele supera os 15 trimestres registrados entre 1984 e 1987, e os 12 que ocorreram entre 1993 e 1995, período turbinado pelo Plano Real. Por enquanto, o ciclo perde para o milagre dos anos 70, embora falte ao país uma única série de PIB capaz de olhar a evolução trimestral em prazos mais dilatados.

Além de longo para padrões brasileiros, o atual ciclo tem outra boa característica: ele combina investimento e consumo. As empresas têm investido em ampliação da capacidade produtiva há 14 trimestres e o aumento simultâneo de crédito, renda e emprego tem permitido às famílias manter seu consumo em alta há 15 trimestres – em todos os casos, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior.

É essa tripla combinação de PIB em alta, ampliação da capacidade produtiva e expansão da demanda interna – amparada por contas externas sólidas e inflação sob controle – que faz os analistas estimarem que esse ciclo pode se sustentar por muitos mais trimestres, ainda que o ritmo do crescimento esteja aquém do obtido por colegas emergentes como China e Índia. (...)

Confiança no país
Depois de passar anos muito acima dos 10%, os juros reais (descontada a inflação) estão na casa de 7%. Projetos que não eram viáveis com juros reais de 13% ou 14% se tornam atrativos quando a taxa cai pela metade. "Houve aumento significativo da previsibilidade no país", diz o economista Bráulio Borges, da LCA Consultores. Com a expectativa de inflação tranqüila e expansão firme da demanda por muito tempo, as empresas ganharam confiança para apostar na ampliação da capacidade produtiva.

Ainda que seja vista como excessivamente rigorosa por vários analistas, a política monetária teve papel importante na tarefa de alongar os horizontes de planejamento na economia de 2002 para cá, por ajudar a derrubar a inflação e manter sob controle as expectativas inflacionárias. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que atingiu 12,3% em 2002, deve fechar 2007 na casa de 3,9%.

Schwartsman destaca a virada espetacular nas contas externas como um dos pontos que conferem mais sustentabilidade ao atual ciclo de crescimento. "O balanço de pagamentos deixou de ser um problema. A demanda doméstica e as importações podem aumentar com força, sem prejuízo para as contas externas", resume ele.

O resultado em conta corrente, que mostrou um déficit de 4,5% do PIB em 2001, se tornou superavitário a partir de 2003, e atualmente está na casa de 1% do PIB, graças principalmente aos saldos comerciais superiores a US$ 40 bilhões por ano. O cenário externo benigno, com crescimento expressivo da economia global e baixa aversão ao risco, foi decisivo nesse processo. "Em agosto, os preços das exportações brasileiras estavam 65% acima da média de 2002", nota Schwartsman.

Ao exportar mais, o país pôde passar a importar mais, permitindo que a demanda interna cresça com força sem pressionar a inflação, como diz Jensen. Outra boa notícia é que as importações de bens de capital estão entre as que mais crescem, sustentando a ampliação da capacidade produtiva das empresas. De janeiro a agosto, aumentaram 33%.

Espaço para crescer mais
O consumo das famílias também mostra um bom desempenho, impulsionado em grande parte pela expansão impressionante do crédito. Com juros menores e prazos cada vez maiores, o total de empréstimos e financiamentos acumula alta de 24,8% nos 12 meses até agosto, mantendo um ritmo forte mesmo depois do crescimento anual na casa de 20% registrado entre 2004 e 2006.
Para o economista-chefe do Morgan Stanley, Marcelo Carvalho, há espaço para o crédito continuar a crescer nesse ritmo nos próximos anos. Ele diz que, com a consolidação da estabilidade macroeconômica, os prazos puderam aumentar significativamente. "Há financiamento de automóveis de sete anos e empréstimos imobiliários de 30", reforça Borges.
Carvalho lembra que os juros dos empréstimos, ainda que elevados, estão em queda. Para completar, houve inovações institucionais importantes, como a do crédito com desconto em folha de pagamento e as relacionadas aos financiamentos imobiliários, caso da alienação fiduciária (medida que permite a retomada do imóvel em caso de inadimplência). "O papel do crédito no atual ciclo de crescimento é muito importante", diz Carvalho.

Borges ressalta ainda o aumento consistente do emprego e da renda para sustentar a expansão de 15 trimestres consecutivos do consumo das famílias. Segundo cálculos da Tendências, a massa salarial real (descontada a inflação) está em alta, no acumulado em 12 meses, desde abril de 2004. Para este ano, a expectativa é de um crescimento entre 5,5% e 6%. Os trabalhadores se sentem mais seguros para consumir e entrar em empréstimos e financiamentos. Outro ponto positivo do atual ciclo é que a indústria voltou a dar sinais de vitalidade, estimulada pelo desempenho do mercado interno.

O economista Alexandre Mathias, diretor de renda fixa da Unibanco Asset Management (UAM), diz que o atual ciclo rompeu com o padrão de arrancadas e freadas que predominou a partir de 1980 porque foram corrigidos ou atenuados os principais problemas macroeconômicos do país. "Nos ciclos anteriores, o próprio crescimento acentuava os desequilíbrios externos, inflacionários ou fiscais, o que levava a crises. Desta vez, o quadro é diferente." Se ainda há muito o que avançar, não parece haver nenhum risco iminente de que a fase atual de expansão seja detida no médio prazo, avalia Mathias.


VALOR ECONÔMICO

domingo, 6 de janeiro de 2008

O ódio deles é reconhecer que mesmo 'muito estudados' não conseguiram fazer o que o 'analfabeto' faz pelo Brasil
Este artigo foi postado originalmente no Grupo Beatrice e escrito por Bernardo Kucinski (*). Diz ele:


"Virou moda dizer que "Lula (foto) não entende das coisas". Ou "confundiu isso com aquilo". É a linguagem do preconceito, adotada até mesmo por jornalistas ilustres e escritores consagrados

(...) "É uma pena que o presidente Lula não seja nordestino, portanto não conheça bem a farta presença sociocultural do caju naquela remota região do país...", escreveu João Ubaldo. Alegou que Lula não era nordestino porque tinha vindo ainda pequeno para São Paulo. E em seguida esparramou citações sobre o caju, para mostrar sua própria erudição. Estou falando de João Ubaldo porque, além de escritor notável, ele já foi um grande jornalista.

Outro jornalista ilustre, o querido Mino Carta, escreveu que Lula "confunde" parlamentarismo com presidencialismo. "Seria bom", disse Mino, "que alguém se dispusesse a explicar ao nosso presidente que no parlamentarismo o partido vencedor das eleições assume a chefia do governo por meio de seu líder..." Essa do Mino me fez lembrar outra ocasião, no Instituto Cidadania, em que Lula defendeu o parlamentarismo.

(...) Alguns jornalistas sabem que Lula não é nem um pouco ignorante, mas propagam essa tese por malandragem política. Nesse caso, pode-se dizer que é uma postura contrária à ética jornalística, mas não que seja preconceituosa. Aproveitam qualquer exclamação ou uso de linguagem figurada de Lula para dizer que ele é ignorante. "Por que Lula não se informa antes de falar?", escreveu Ricardo Noblat em seu blog, quando Lula disse que o caso da menina presa junto com homens no Pará "parecia coisa de ficção". Quando Lula disse, até com originalidade, que ainda faltava à política externa brasileira achar "o ponto G", William Waack escreveu: "Ficou claro que o presidente brasileiro não sabe o que é o ponto G".

Outra expressão preconceituosa que pegou é "Lula confunde". A tal ponto que jornalistas passam a usar essa expressão para fazer seus próprios jogos de palavras. "Lula confunde agitação com trabalho", escreveu Lucia Hippolito. Empregam o "confunde" para desqualificar uma posição programática do presidente com a qual não concordam. "O presidente confunde choque de gestão com aumento de contratações", diz o consultor José Pastore, fonte habitual da imprensa conservadora.

Confunde coisa alguma. Os neoliberais querem reduzir o tamanho do Estado, o presidente quer aumentar. Quer contratar mais médicos, professores, biólogos para o Ibama. É uma divergência programática.

(...) A linguagem do preconceito contra Lula sofisticou-se a tal ponto que adquiriu novas dimensões, entre elas a de que Lula teria até problemas de aprendizagem ou de compreensão da realidade. Ora, justamente por ter tido pouca educação formal, Lula só chegou aonde chegou por captar rapidamente novos conhecimentos, além de ter memória de elefante e intuição. Mas, na linguagem do preconceito, "Lula já não consegue mais encadear frases com alguma conseqüência lógica", como escreveu Paulo Ghiraldelli (artigos anteriores debatemos sobre ele), apresentado como filósofo na página de comentários importantes do Estadão. Ou, como escreveu Rolf Kunz, jornalista especializado em economia e também professor de filosofia: "Lula não se conforma com o fato de, mesmo sendo presidente, não entender o que ocorre à sua volta".

Como nasceu a linguagem do preconceito? As investidas vêm de longe. Mas o predomínio dessa linguagem na crônica política só se deu depois de Lula ter sido eleito presidente, e a partir de falas de políticos do PSDB e dos que hoje se autodenominam Democratas. "O presidente Lula não sabe o que é pacto federativo", disse Serra, no ano passado. E continuam a falar: "O presidente Lula não sabe distinguir a ordem das prioridades", escreveu Gilberto de Mello. "O presidente Lula em cinco anos não aprendeu lições básicas de gestão", escreveu Everardo Maciel na Gazeta Mercantil.

A tese de que Lula "confunde" presidencialismo com parlamentarismo foi enunciada primeiro por Rodrigo Maia, logo depois por César Maia, e só então repetida pelos jornalistas. Um deles, Daniel Piza, dias depois dessas falas, escreveu que "só mesmo Lula, que não sabe a diferença entre presidencialismo e parlamentarismo, pode achar que um governante ter a aprovação da maioria é o mesmo que ser uma democracia no seu sentido exato".

Preconceito é juízo de valor que se faz sem conhecer os fatos. Em geral é fruto de uma generalização ou de um senso comum rebaixado. O preconceito contra Lula tem pelo menos duas raízes: a visão de classe, de que todo operário é ignorante, e a supervalorização do saber erudito, em detrimento de outras formas de saber, tais como o saber popular ou o que advém da experiência ou do exercício da liderança. Também não se aceita a possibilidade de as pessoas transitarem por formas diferentes de saber.

(...) Não atino com o sentido dessa mentira, exceto se o objetivo é difamar uma liderança operária, o que é, convenhamos, uma explicação pobre. Talvez as elites, e com elas os jornalistas, não consigam aceitar que o presidente, ao estudar um problema com seus ministros, esteja trabalhando, já que ele é " incapaz de entender" o tal problema. Ou achem que, ao representar o Estado ou o país, esteja apenas passeando. Afinal, onde já se viu um operário, além do mais ignorante, representar um país?"



  • (*) Bernardo Kucinski é professor titular do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA/USP. Foi produtor e locutor no serviço brasileiro da BBC de Londres e assistente de direção na televisão BBC. É autor de vários livros sobre jornalismo.

EU COMENTO
Esse discurso modal apresentado pelo educador Kucinski é um discurso ideológico que mostra perfeitamente que há uma elite cuja hegemonia foi profundamente abalada com a eleição de LULA. Esse abalo estrutural na hegemonia de uma classe opressora, que procura manter as diferenças sociais gritantes provoca o ajuntamento desse grupo bastante eclético onde escritores, jornalistas, empresários e políticos se fazem representar buscando recuperar a solidez hegemônica.

E para que se buscam recuperar a solidez da hegemonia já perdida? Ora, para reproduzirem o Estado tal qual era antes de LULA, onde só ganhavam os empresários, banqueiros e as multinacionais e garantiam o privilégio desta classe, ainda que para tal coisa fosse necessário sacrificar milhares de brasileiros na linha de miséria.

Inacreditável é que esse discurso ganha oposição no discurso seguinte que eles mesmos pronunciam. A
bovespa ano passado foi a segunda do mundo em movimentação de negócios; a venda de carros novos foi recorde - e continuam a vender carros – (notícia do Jornal Nacional do dia 04/01); os bancos tiveram lucros fantásticos; o risco-país tem o menor valor da sua história aumentando a confiança do mundo na economia brasileira; a entrada de dólares superou todos os recordes dos últimos 24 anos e mais de 2 milhões de pessoas saíram da linha de miséria. E tudo isso aconteceu num governo onde o presidente ‘confunde’, ‘não sabe’, ‘não se conforma’, ‘não consegue’, ‘não se informa’ etc, etc, etc.

Cheguei a seguinte conclusão: se o país está indo ‘muito bem, obrigado’ sob um governo que confunde, não sabe, não se conforma, não consegue, não se informa, não aprende etc., eu até acho bom que o presidente continue a confundir, não saber, não se conformar, não conseguir etc. Porque antes do LULA tinha um governo que sabia tudo, entendia tudo e o país tinha milhares de miseráveis, a inflação beirava aos 20 % ao ano, os trabalhadores não tinham renda, a cesta básica consumia mais de um salário mínimo, os jovens não tinham emprego nem perspectiva, os jovens não tinham acesso ao ensino superior, os serviços públicos foram sucateados para a promoção da privatização e o ‘enxugamento da máquina estatal’, e mais um monte de coisas que este blog não teria espaço para enumerar. Logo, não saber passou a ser importante para o país porque, convenhamos, estamos muito melhor hoje do que até o final do ano de 2002. E digo melhor para os empresários, banqueiros, investidores e a sociedade em geral. Todos tivemos ganhos significativos nos anos de governo LULA.

Para concluir vou utilizar de um fragmento de Mazzotti & Oliveira* (2002), que sob a coordenação do filósofo de São Paulo Paulo Ghiraldelli disseram: “...É a mesma situação do orador frente ao seu auditório: para um dado auditório um certo orador pode ser considerado ridículo, e para outro a expressão de toda a inteligência do mundo...”. Com isso quero dizer que LULA pode ser o ignorante subscrito por estes arautos do saber, mas para a maioria ABSOLUTA do povo brasileiro ele é a esperança que venceu o medo.



quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Paulo Ghiraldelli Jr.:


-"não sou burro"



Por Rildo Ferreira


Ao postar o artigo O MEC não pára de errar, título plageado de um artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo do Filósofo Paulo Ghiraldelli Jr., utilizei de um artifício para convidar todos os meus contatos para visitarem o blog e, se desejassem, postassem comentários a respeito do assunto. A estratégia utilizada foi lançar mão de um recurso de marketing e postar uma frase, um parágrafo, que chamasse a atenção do meu destinatário para o assunto do blog. Isto foi feito e a mensagem do meu e-mail convite foi a seguinte:

  • Olá. Acabo de postar um artigo abrindo um diálogo sobre o texto do filósofo Paulo Ghiraldelli e digo: "À primeira vista, me pareceu que o nobre educador e filósofo sofre da “síndrome do desejo de que tudo dê errado” no que está proposto." Que tal passar por lá, ler todo o texto e dar a sua opinião?
    www.pedagogosdofuturo.blogspot.com

Notem que utilizei um fragmento de um artigo, cuidando em deixar claro que o assunto estava inconcluso. Ou seja, ao dizer “à primeira vista”, como se dissesse “minha primeira impressão”, deixei claro haver uma “segunda vista” ou uma “segunda impressão”, devendo o leitor curioso visitar o blog para saber qual opinião denotava o convite.

Acontece que recebi vários e-mails, alguns insultavam-me como querendo dizer: Que ousadia a sua questionar um filósofo do calibre de Paulo Ghiraldelli Jr.! Outros concordavam comigo e outros se limitaram falar mal do governo federal. Pedi a todos que postassem comentários no blog clicando no link Comentários no final do artigo. É livre e não vou censurar quem quer que seja ou o que quer que diga. Mas o e-mail resposta do Filósofo de São Paulo me chamou atenção. Respondeu-me ele:

  • Rildo, análise não é desejo e, no meu caso, seria mais lucrativo se desse tudo certo, uma vez que vivo do que escrevo e, se tudo der errado, o número de leitores vai diminuir muito. Mas não sou burro, aos 50 anos de idade, sei que o Fernando está no caminho errado. E tenho dito isso para ele, inclusive por escrito, dado que sou um tipo de "Ombudsman" do PDE.
    Paulo

Ora, senhoras e senhores; ao meu ver, o educador e filósofo não visitou o blog. Disso eu concluí que minha estratégia de marketing não funcionou, pelo menos não com ele. Sim, porque no texto O MEC não pára de errar essa minha “primeira vista” deu lugar à outra, logo, deixou de ser parecer a mim que o filósofo sofre da síndrome do desejo de que tudo dê errado. Eu quis dizer com isto que o meu diagnóstico inicial estava errado e, portanto, meu diagnóstico final foi outro.

Quanto à sua afirmação de que “não é burro” não tenho dúvida disto. E jamais tentei dizer isto no que escrevi ou escrevo. No texto O MEC não pára de errar faço uma análise da análise que ele faz sobre o PDE, no que tenho todo o direito de discordar dele, embora em alguns pontos estamos de pleno acordo, fazendo ver que o seu modo de ver o PDE é diferente do meu. Ora, Mazzotti e Oliveira* (2002) ao dissertar sobre rigor conceitual dizem que este varia segundo as necessidades internas dos grupos sociais e que o raciocínio dialético lida com polêmica, com conflito e com o próprio pensar. citam Perelman que disse que “todas as razões que se fornecem a favor de uma tese, é o índice de uma dúvida, de que as teses que nos encontramos a defender obrigatoriamente não parecem acima de qualquer contestação. Querendo funda-las, arriscamo-nos a pertubá-las.”

Com efeito, aqueles que vêem no governo federal “todo o mal do mundo” hão de critica-lo independente dos resultados obtidos. É o que estamos vendo todos os dias nas páginas dos jornais, nos telejornais e em algumas emissoras de rádio. No caso do nobre educador Ghiraldelli ele não vê no governo federal “todo o mal do mundo” mas já condenou ao fracasso o Programa de Desenvolvimento da Educação apresentado pelo ministro Fernando Haddad. Eu, por minha vez, acredito que pode dar certo mesmo sabendo que muita coisa podia ser melhor.

Para finalizar, ele se anunciou como o “ombudsman” do PDE, com estreita relação com o ministro Haddad. Ombudsman é uma palavra sueca que significa representante do cidadão. Designa, nos países escandinavos, o ouvidor-geral -função pública criada para canalizar problemas e reclamações da população (Folha on-line). Não sei se esta é a função do nobre educador. De qualquer maneira eu questiono: onde estava o “ombudsman” quando na elaboração do projeto e quais foram as razões para que o filósofo de Sampa pudesse concluir que o que está sendo apresentado não vai funcionar? Por que não vai dar certo? Eu, pessoalmente, fiquei com uma brutal dúvida sobre o que venha a ser o ombudsman neste caso e muito curioso para saber quais argumentos fundamentam a ilação de Paulo Ghiraldelli Jr.



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Mazzotti, Tarso Bonilha; Oliveira, Renato José de. Ciências da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. [Coleção: o que você precisa saber sobre...]