segunda-feira, 7 de julho de 2008

Sobre Cotas nas Universidades
Por Rildo Ferreira [ferrera13@hotmail.com]


Para começar este diálogo vamos retomar Savianni (1999) e a teoria da curvatura da vara. O mestre diz que se temos uma vara com alguma curvatura, tênue ou aguda, e desejamos torná-la reta, devemos fazer uma diametralmente oposta curva na vara com a mesma intensidade e com determinado tempo. Assim podemos imaginar um gráfico com a contribuição da História da Educação e veremos a curva das classes em relação ao processo educacional. Ora, desde o Império, o sistema educacional foi criado para atender uma classe já privilegiada. Quando os primeiros portugueses aqui chegaram sentiram a necessidade de implantar uma escola para seus filhos, visto que mandá-los para a Europa, além de separar as famílias, tinha uma despesa muito grande. Assim, seria providencial a criação de escolas no Brasil.

Gráfico representando progresso em educação com base na teoria de Dermeval Savianni.

Com o surgimento dos burgos e o crescimento do comércio, viram que era necessário ensinar os trabalhadores no domínio de algumas habilidades para o exercício da função. Então mandaram para a escola aqueles trabalhadores que atuavam no comércio, e também seus filhos, com o objetivo limitado de aprender o suficiente para a realização de suas tarefas. Estava criada a escola dual caracterizada por Althusser (1992). Tinha uma escola que ensinava os ricos e os filhos destes, e uma escola que ensinava os trabalhadores. Mas, vejam, estamos falando de trabalhadores pobres brancos. Os negros ainda estavam no serviço braçal nas fazendas. Alguns poucos atuavam nos burgos e suas tarefas eram singularmente braçal. Ora, quando deram por fim com a escravidão (e deram? Ainda hoje 11/6 o jornal Extra do Rio de Janeiro publica que uma mulher era escrava da patroa!) disseram aos negros:

  • - Negro, vai, pega tuas coisas e vai embora daqui. Tu agora és um homem livre!
    E o negro inocente e incrédulo retruca:
    - Mas senhor, ir pra onde?Eu não tenho para onde ir. Aqui eu tenho um canto para dormir. E para onde vou terei? Aqui eu tenho as sobras de vossa mesa, e para onde vou terei?
    Então o senhor diz ao seu ex-escravo:
    - Isso agora já não é problema meu. Se quiseres continuar a trabalhar aqui, dou-te 380 reais (salário mínimo atual) e você vai se virar com isso: comer, beber, se vestir, pagar aluguel, gás, luz, água, enfim... É responsabilidade tua agora!”

Ora, senhoras e senhores: sem ter como viver dignamente o negro edifica a favela e tenta sobreviver. Agora todos da família precisam estar juntos num processo de ajuda mútua pela vida. Pai, mãe, filhos; todos são empurrados para o mercado de trabalho que avilta os trabalhadores e ocupam todo o tempo que pode desse novo homem livre. Eles precisam suportar uma carga horária de 12, 14 horas diárias de trabalho – o que era comum a todos os trabalhadores no início do Século passado – em atividades sem nenhuma qualificação e de baixíssimos salários. O que lhes restam para a educação? Como enviar seus filhos à escola com os parcos salários que recebem?

Já nos anos de 1930 começa o processo industrial no Brasil. Novamente a discussão do processo educacional passa essencialmente pela formação de uma mão-de-obra que pudesse atender a demanda do mercado. Aqui podemos incluir uns poucos negros que já atuavam na indústria, mas é bom lembrar que estamos no paradigma fordista de produção, com atividades especializadas; logo, ao trabalhador, nem precisava aprender a ler ou a escrever, mas a executar determinada tarefa na indústria. Era o adestramento que resultava na repetição dos atos, bem representado no filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, e na obediência à hierarquia industrial (e por que não na sociedade?).

Os negros só alcançaram oportunidade de escolarização a partir da mudança no paradigma de produção industrial. A partir da década de 1970 surge o sistema japonês de produção. Era o modelo flexível. Neste paradigma os trabalhadores são chamados à educação. Para a indústria não basta que o trabalhador saiba executar uma tarefa, mas que seja capaz de responder às demandas emergentes. Logo ele precisa ser capaz de aprender a aprender. Não basta treinar o trabalhador, mas educá-lo. Com efeito; se na indústria negros já operavam máquinas com muita eficiência e obediência, não era lucro para a empresa abandoná-lo, considerando que ele era um operário útil e perfeitamente capaz. Daí que era preciso educá-lo também. Então o negro vai pra escola. Mas esta escola é a mesma que Savianni (1999) identificou como crítico-reprodutivista. Ou seja, é aquela que reproduz a sociedade tal como ela é e o negro, assim como os brancos, porém pobres, são educados para atender ao mercado de trabalho e para servir aos dominadores, aos brancos privilegiados.

Até aqui, os negros (e os brancos pobres) só tinham acesso àquilo que o branco pertencente à elite permitia que ele ascendesse. Então a escola pública, que foi o centro de homéricas disputas por seu controle, ora pela igreja com o objetivo de catequizar todo mundo pra continuar sustentando a luxúria com raízes no Papa Pio XIII, que para construir a Basílica de São Pedro vendia indultos até para os já mortos, ora pela elite que buscava usurpar como abutres os parcos recursos públicos para a educação, ou por educadores que lutavam por uma educação universal e democrática. O Estado fazia o papel de mediador destas disputas e procurava contemplar tanto a igreja como às elites. E os educadores? Bem, os educadores continuavam a lutar –e bravamente! Alguns avanços com Anísio Teixeira, discípulo declarado de Jonh Dewey e lá vinha o Estado autoritário a retroceder o processo. E os negros, como os brancos pobres, se dedicavam ao trabalho numa incessante luta pela sobrevivência, não encontravam tempo – e nem tinham consciência, para se envolverem numa luta política por uma educação plena, democrática e para todos; poucos eram os que se atiravam à luta pela liberdade e igualdade sem o medo da chibata que lhes marcavam o corpo e a alma e dos projéteis das carabinas e espingardas que lhes tiravam a vida.

A luta desenvolvida bravamente por verdadeiros democratas, homens e mulheres que defendiam equidade social e verdadeira liberdade para todos e todas preocupava o Estado. Este, numa tentativa de calar as poucas, mas vibrantes vozes humanizadoras, cria o MOBRAL para alfabetizar todos e todas que não conseguiram o sucesso da matrícula escolar. Eu vivi um tempo em que famílias inteiras dormiam dias na fila em frente a uma unidade escolar para tentar matricular um filho. Fui vítima deste processo excludente caracterizando verdadeiro apartheid educacional. Eram poucos os negros e negras que se aventuravam em busca de um lugar neste ambiente criado por brancos e para os brancos. Os que conseguiam a matrícula tinham que suportar um sistema que inculcava a obediência, a subserviência e o zelo pelo sistema ideológico.

O gráfico educacional possível de ser construído é uma vertiginosa curva sempre ascendente para os brancos e imperceptível para os negros. O que precisa ser feito para que possamos tornar essas linhas como sendo uma só, numa ascendente sem distinção entre brancos e negros? No caso da educação, não é possível – e nem admissível – que se faça uma curvatura para baixo de qualquer das linhas que seja, mas é imperativo que se faça algo para que a curvatura da linha que corresponde à escolarização dos negros e negras alcance àquela que corresponde a escolarização dos brancos. E porque penso assim? Ora, senhoras e senhores. Sempre que se encontra um negro ou negra (branco ou branca pobres) nas ruas, nos sinais (semáforos) ou nas calçadas e praticando um delito, ainda que para a sua sobrevivência, toda a sociedade de brancos ricos faz ecoar as mais severas críticas ao Estado, pois aí está a exigir o papel do Estado, uma atitude repressora, capaz de pegar todos e todas e mete-los em instituições que mais colabora para a radicalização da criminalidade que para a educação e socialização destes marginalizados. O que esta sociedade quer não é uma educação que ajudem pobres, negros e negras a superação da sua condição de marginal para uma integração social. Eles querem um Estado que reprima sem mudar o atual estado de coisas.

O desespero desta sociedade hipócrita é a possibilidade de ver pobres, negros e negras praticando medicina, projetando prédios, descobrindo coisas sobre as formas de vida, construindo conhecimentos e modificando a cultura euro-hegemônica. Daí que esses incentivos do tipo BOLSA FAMÍLIA para manter meninos e meninas em sala de aula; o programa PROUNI que garante bolsas para que os pobres, independente da cor da pele, possam ingressar no curso superior e a política de COTAS para estudantes da rede pública e NEGROS e NEGRAS tenham vagas nas instituições públicas que historicamente só serviu aos ricos faz sentido. Cada pobre, negro ou negra numa Universidade Pública significa uma vaga a menos para os ricos. E é isso que está aterrorizando essa gente toda. Então apelam para o discurso da competência. Aqui precisamos discutir uma outra questão. Pobre, sendo branco ou negro, tem que trabalhar. Então, quando no nível básico ou médio, só lhes restam a Escola Pública. Esta sim, a serviço dos ricos sempre foi de baixa qualidade. Então o pobre, branco ou negro, sai da Escola Pública e vai procurar trabalho. O ensino superior é um desejo, não um produto de primeira necessidade. O trabalho vem antes da formação educacional por uma questão de sobrevivência, não de opção. Já o filho do rico estuda na escola privada, que garante bons salários e, portanto, atrai os melhores educadores. Quando terminam o ensino médio ingressam quase imediatamente num desses cursinhos pré-vestibulares intensivos. Parece até que os vestibulares das instituições superiores foram elaborados pelos donos dos cursinhos pré-vestibulares. Daí que o pobre, aquele que saiu da Escola Pública fica em enorme desvantagem em relação ao filho do rico. Então, quem ocupa as vagas nas instituições públicas de ensino superior? Os filhos dos ricos. E por isso nestas Universidades sempre tiveram os melhores profissionais. A qualidade sempre foi emblemática. E por quê? Porque ali só estudavam os filhos dos ricos. Pobres? Um ou outro talvez. Então a Universidade Pública era um espaço inacessível para pobres, negros e negras. A Universidade Pública não funciona à noite, nos fins de semana. “Se essa gentinha quiser estudar que vá para a Universidade privada”.

Mas o programa de COTAS veio para derrubar essa barreira. Está aí pra dizer justamente que a Universidade Pública é para todos e todas. E se é para todos e todas, considerando que os ricos levam vantagens muito maiores que os pobres, negros e negras, precisamos ajustar os botões que equalizam esta injustiça. E para isto é preciso um processo para garantir uma inclusão de parte destes excluídos. Sei que isto tem tirado o sono de muita gente. Sei que tem aquele que financia propaganda argumentando queda na qualidade do ensino, injustiça com os ricos que alcançam melhores notas nos vestibulares e blá, blá, blá. Mas, se desejamos uma sociedade mais igual, mais humana; com menos gente nas ruas a mendigar pela sobrevivência temos que adotar um discurso deweyano: não basta garantir ao sujeito o direito de escolher, mas, também, garantir o acesso àquilo que ele escolheu. E não me venham com essa de que isso se resolveria com a criação de mais vagas nas Universidades Públicas, pois aí só estaríamos garantindo um maior número de ricos ocupando-as, deixando como única opção aos pobres, negros e negras, se quiserem, a universidade privada, dessas que são encontradas nos Shoppings de todo o país como se fossem mais uma lanchonete. É a literalização da Mcdonaldização educacional.

SAVIANI, DERMEVAL. ESCOLA E DEMOCRACIA : TEORIAS DA EDUCAÇÃO : CURVATUTA DA VARA, ONZE TESES SOBRE EDUCAÇÃO E POLÍTICA. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1986. 96 p.

sábado, 5 de julho de 2008

Vocês já ouviram falar dele?
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Deixem-me desnudá-lo à todos.
por Rildo Ferreira [ferrera13@hotmail.com]

Senhoras e Senhores.
Há algum tempo eu resolvi participar de um debate neste mundo virtual. Como eu estava produzindo muitos trabalhos acadêmicos, em grande parte deles eu procurava fundamentar com a literatura produzida por Paulo Ghiraldelli Júnior, este que se diz filósofo de São Paulo. Tivera eu o conhecido a mais tempo e jamais o teria lido, até mesmo em bibliotecas. O cara não tem pudor; não tem escrúpulos; não tem educação; e o que é pior, não aceita o diálogo adverso, demonstrando profundo desrespeito às pessoas que divergem dele.

O primeiro dos meus artigos divergindo da opinião deste crápula amoral eu dei o título de um dos seus artigos escrito nO Estadão, onde se podia ler O MEC NÃO PÁRA DE ERRAR (Leia Aqui). Ora, o boçal do filósofo não procurou usar de uma tréplica comum aos diálogos. Eu até esperava que ele procurasse me convencer do contrário. Mas o que ele fez foi me ofender gratuitamente. Eu fiz novo artigo com o título PAULO GHIRALDELLI Jr. “NÃO SOU BURRO!” (Leia Aqui). Recebi novos insultos, mas desta vez com um convite para fazer parte do grupo do Portal Brasileiro de Filosofia – e eu aceitei! –. Desde então percebi que sua estupidez e arrogância não se limitavam às minhas críticas, mas a todos os que dele divergiam.

Eis que no primeiro dia de julho último uma colega deste grupo resolve responder a um artigo do filósofo publicado no jornal O Estadão sob o título de “O know-how para subir o morro”. Esta colega de quem sabemos apenas o nome escreveu o seguinte e-mail em resposta ao e-mail do grupo enviado pelo autor do artigo:
  • Ah! Paulo, penso que estamos todos muito longe da vida como ela é nas favelas do Rio de Janeiro, e olha que faço trabalho social há 40 anos. Se o estímulo financeiro resolvesse alguma coisa nossos Ministros, deputados, vereadores, juizes, desembargadores seriam pessoas idôneas. Diferente de você, acho que o Lula tem muito mais sabedoria do que essa simplificação que você fez, pelo menos dos nossos presidentes é o que mais entende do que é ser pobre. Agora concordo que ele não tem a dimensão do que acontece com o Rio depois de 16 anos de gestão do César Maia, mas aí também há um outro ponto. Lutamos por uma Constituição mais municipalista, no entanto, não movemos um dedo para exigir nossos direitos, propor outras soluções para o município, ou seja, não participamos de nada que diga respeito à vida em comum (Veiga, julho de 2008).

Vejam: esta é uma opinião de uma parte e da qual o sujeito tinha todo o direito de discordar. E mais: tinha todo o direito de deixar claro sua posição em relação ao assunto e de ser bastante enérgico, inclusive, se fosse o caso. Entretanto, isso não lhe dá o direito de desrespeitar e insultar aqueles que dele discordam. Mas não é isto que ocorre de fato, e o energúmeno descerra sua verborragia em ofensiva. Antes de dar provas desta faceta desse idiota de São Paulo, preciso dizer que não quero discutir o conteúdo do debate, já que, em se tratando das questões políticas, tem os que apóiam, os que são neutros e os que são contra, e cada um deles tem todo o direito de sê-lo. Logo, sob o ponto de vista dele, ele tem razão. Mas sob o ponto de vista da nossa colega Sandra Mayrink Veiga ela também tem razão. Então, deixamos o conteúdo à parte para mostrar o nível do diálogo que parte deste colunista “de esquerda” – como se declara – e que escreve nO Estadão (que me parece não ser uma linha editorial isenta de ideologia política, assim como não são os demais jornais de todo o país: ou se alinha ao governo ou se mantém contra o governo em exercício.). Pois bem. Então o cara responde assim a uma pessoa que participa (a convite) do grupo do Portal Brasileiro de Filosofia:

  • Date: Wed, 2 Jul 2008 12:34:31 -0300
    From: pgjr23@gmail.com
    To: portal-brasileiro-da-filosofia@googlegroups.com
    Subject: [PBF] Sandra trocou as bolas sim!

    (...)
    Agora, se você passou o ano de 2005 aqui, eu gostaria de saber como que você pode estar nesta comunidade e ficar com essa cara de pau. Será que você está dizendo, na nossa cara, que você apóia gente que rouba? Se é isso, então você é cúmplice. Teremos de botar você na cadeia. Ou você é uma maluca que fala qualquer coisa? Você não viu que o Zé Dirceu era formador de quadrilha? O julgamento dele não foi político, foi na justiça, você não acompanhou as provas? Você não viu o filme na internet, mostrando Lula conversando sobre assuntos bem próximos do que ocorreu, em conversa com a cúpula da campanha? Você faz parte disso? Ou você não viu nada, pois não quis ver? Ora, desinformação também dá cadeia! Pois você não pode ficar como o Lula e dizer "nao sabia de nada". Ele pode. Você não!
    Paulo [(os grifos são meus) Ghiraldelli, julho de 2008].

Sobre isso eu não vou comentar já que a própria Sandra educadamente o fez respondendo ao e-mail da seguinte maneira:

  • Sr. Paulo. Fiquei estarrecida com a sua resposta. Não "troquei as bolas" como o senhor disse querendo fazer parecer que não tinha entendido o que o senhor escrevera. Fiz apenas um comentário sobre o trecho abaixo desua matéria. Nunca pensei que fosse despertar tanta raiva, tanto ódio e desrespeito. O senhor disse: "A lição que o governo brasileiro deveria tirar disso é simples. O Exército na favela só tem uma chance de poder permanecer lá: é se elefor visto como quem está dando condições para programas realmente transformadores - para melhor - da vida da população. Mas para tal não basta que os programas sociais existam e funcionem bem. Isso é o básico. É necessário, além disso, um apoio maior ao próprio Exército para que o soldado tenha orgulho do que faz, tenha brio e, principalmente, tenha vantagens financeiras legais por aquela operação, ali, na favela. Ele deve ter um estímulo financeiro de modo a poder pensar duas vezes antes de ceder e estabelecer contatos com as gangues. E, principalmente, deve sentir-se seguro, deve ter claro que a sua família não estará na mira das gangues. Isso não é o que ocorre no momento". A política de segurança precisa de total reformulação inclusive no que diz respeito ao soldo dos soldados e policiais, queria frisar como meu e-mail, no entanto, que precisa mesmo é de outros valores assim como toda a sociedade brasileira. Discordei quando o senhor frisou o "principalmente, tenha vantagens financeiras legais por aquela operação". Era só esta a minha intenção já que a exacerbação do valor do dinheiro e do individualismo, no meu entender, tem sido catastrófica. Este é o centro da minha percepção do que ocorre no Riode Janeiro onde venceu a cultura do "pouca farinha, meu pirão primeiro" e a prática do "quero levar vantagem em tudo". Além disso, comentei que o senhor estava fazendo uma simplificação sobre a "sabedoria" do Lula. Era só uma opinião diferente da sua, mais nada.

Aqui sim merece um comentário. Vejam que Sandra argumenta, dialoga com respeito, sem ofender. O que ela faz é expressar um sentimento, um ponto de vista. Ela não quis dizer que o filósofo não tem o direito de emitir a sua opinião, seja ela qual for. Ela só está exercendo um direito de expressar a sua – e que nenhum idiotazinho metido à besta tem o direito de aniquila-lo. Daí que fui solidário à minha colega de grupo e faço um comentário, dentro do próprio grupo, sobre o que penso de Ghiraldelli. Disse o seguinte: Sandra, o Ghiraldelli tem razão. Este é um espaço para discutir um possível fim da era LULA. E não se trata de honestidade não, pois como você disse, há tantos que ganham muito dinheiro e isso não faz deles homens honestos. Eu votei no LULA, se fosse candidato de novo eu votaria nele novamente e, não sendo, votarei no candidato que o PT escolher.
Ora, se há roubo, ele como cidadão pode recorrer ao Ministério Público e denunciar os caras. E que a justiça se faça segundo os atos que ilicitamente, segundo Ghiraldelli, cometeram. Ele sabe, por exemplo, que tem dinheiro público depositado no exterior. Ora, por que não denuncia ao MP? Mas veja: este é um espaço dele, administrado por ele. Logo, quem não gostar do que ele disser aqui, não sentindo-se satisfeita com as ponderações adversativas, clica num link que tem no final do e-mail para se desligar do grupo. Quanto ao grupo ele já deixou claro que não é educador. Sua filosofia não significa debates onde a divergência é parte de toda que pressupõe diálogo para produção do conhecimento, do esclarecimento, da razão. Sua filosofia é impositiva: ele fala e você aceita ou cai fora.

Observem que deixo minhas impressões sobre o filósofo de São Paulo sem ofendê-lo, mas questiono a sua filosofia ou o seu modo de filosofar. Então ele emite dois outros e-mails. Neles estão caracterizados o caráter deste que, infelizmente, me dei ao trabalho de um dia comprar algumas obras de sua autoria. Vou transcrevê-los na íntegra para uma avaliação de todos e de cada um em particular.

  • [PBF] Rildo e mais mentiras de um safado
    De: portal-brasileiro-da-filosofia@googlegroups.com em nome de Paulo Ghiraldelli Jr (pgjr23@gmail.com)
    Enviada: quarta-feira, 2 de julho de 2008 18:34:30
    Para:
    portal-brasileiro-da-filosofia@googlegroups.com

    Rildo fala mais mentiras!
    Rildo é outro que não passou em 2005. E pensa que eu, no Estadão, não denunciei o que há de bandalheira.
    Mais gente defendendo bandido. Rildo, crie vergonha na cara, você é um safado
    Paulo

    [PBF] Rildo é uma besta? Não, ele é apenas bandido mesmo. Da velha quadrilha do Delúbio. Esqueceram?‏
    De: portal-brasileiro-da-filosofia@googlegroups.com em nome de Paulo Ghiraldelli Jr (pgjr23@gmail.com)
    Enviada: quarta-feira, 2 de julho de 2008 22:27:50
    Para: portal-brasileiro-da-filosofia@googlegroups.com
    Rildo
    Quem defende os ladrões que todos viram na TV, inclusive com filmes NA REDE GLOBO, mostrando os caras do PT negociando propinas e vendo o Ministério Público pegando as provas contra Duda Mendonça, com você faz, não merece consideração. Você é daquelas pessoas que a gente deveria bater na bunda. Com cinta. Só não vou fazer isso porque sou um cara que não quer ser processado pela sociedade protetora dos animais.
    Sabe que animal que você é?
    Não, não burro não. É o FDP. O bicho brasileiro que defende quem rouba o outro irmão brasileiro.
    Para tipos como você, não devemos dar filosofia. Nem mesmo impositiva. Devemos dar tapa na cara. Você não vale o que come.
    Paulo (Ghiraldelli, julho de 2008 – grifos meus)

Eu nem vou me dar ao trabalho de comentar estes e-mails. Eles falam por si mesmos. Permito-me apenas apresentar publicamente o meu protesto à sua forma de tratar as pessoas, ainda que no meio virtual, considerando que ele é um cara estudado em muitas faculdades e suas teorias são motivos de grandes embates nas aulas de filosofia. Ora, a partir do momento em que me dei conta de seu verdadeiro caráter (e ele o tem?), sua filosofia para mim virou LIXO VERBAL.